Hoje é o dia do Amigo! Mas afinal o que vem a ser amigo? Muitos falam possuir muitos amigos mas se forem analisar bem verão que a grande maioria não são merecedores deste título tão especial.
Um amigo no sentido total da palavra é aquele com o qual não precisam palavras, só aquele olharzinho rápido já diz tudo. Um amigo de verdade quando estiver puto com voce vai chegar falando mesmo; sem censura; e não vai fazer joguinhos nem intrigas, pois um amigo de verdade não age pelas costas. Um amigo de verdade quando notar que voce pisou na bola ou está viajando vai falar que voce está pirando e que precisa se tratar ao invés de isolar voce, "pra dar uma lição". Um amigo dá conselho mas também vai notar quando seus conselhos não quiserem ser ouvidos. O amigo mesmo não requer exclusividade, ele a conquista naturalmente. Se ele for seu amigo realmente, não vai cortar seu barato nem mandar voce desistir de alçar novos vôos; mas pode sutilmente indicar um seguro de vida ou um escudinho pro coração. Um amigo apóia suas escolhas mesmo achando que elas não são as melhores. Amigo consola na queda mas também manda a gente parar de ser fresco e chorar por qualquer coisa. O amigo sabe que não pode falar tudo o que pensa pra gente mas pode dar a entender que o que a gente pretender fazer não vai dar certo. Enfim um amigo de verdade usa da sinceridade. E agora? Voce me diria que possui tantos amigos assim?
E posso dizer que possuo poucos e raros amigos assim. Uns eu vejo o tempo todo, outros muito raramente e muitos só virtualmente. Mas acho que a gente aprende com o tempo a distinguir o amigo verdadeiro e quando notamos que possuímos pelo menos um assim, já ganhamos o dia.
E pros amigos verdadeiros eu dedico um lindo poema de Oscar Wilde:
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
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